OBESIDADE e CIRURGIAS PLÁSTICAS
O que é Obesidade Mórbida:
O peso e a distribuição da gordura no corpo, são regulados por uma série de mecanismos
neurológicos, metabólicos e hormonais que mantêm um equilíbrio entre a ingesta (alimentos
e bebidas ingeridos), e o gasto energético. Quando há um excesso da ingesta em relação ao gasto
energético, ocorre um armazenamento da sobra de energia sob a forma de gordura, traduzindo-se
no aumento do peso corpóreo.
A obesidade é portanto definida como um excesso do acúmulo de gordura no corpo. Quando este
acúmulo atinge grandes proporções, passa a ser chamada de obesidade mórbida. A maneira mais
utilizada pelos médicos para quantificar a obesidade é o cálculo do Índice de Massa Corporal, ou
simplesmente IMC, que é obtido dividindo-se o peso (em quilos) pela altura (em metros) elevada
ao quadrado (IMC = P ÷ A2). A faixa de peso normal considerando-se o IMC varia de 19 a 25 kg/m2.
Pessoas com IMC de 25 a 30, são consideradas como acima do peso, enquanto aquelas
entre 30 e 40 já são classificadas como obesas.
TABELA DE IMC
18,5 a 24,9 - NORMAL
25 a 29,9 - SOBREPESO
30 a 34,9 - OBESO GRAU
35 a 39,9 - OBESO GRAU II
> 40,0OBESO GRAU III
Finalmente, pessoas com IMC acima de 40, são portadoras de obesidade mórbida, o que equivale a aproximadamente 45 Kg acima do peso ideal. A estratificação dos indivíduos com base no IMC, agrupando-os em diferentes classes de peso, guarda uma relação direta com a taxa de mortalidade, variando de "baixíssima" em pessoas com índice normal, até "altíssima" naqueles com IMC acima de 40 kg/m2.
Causas da Obesidade:
- Hereditariedade - Deficiência ou falha da molécula leptina, que controla a quebra e a utilização da gordura.
- Hormônios - Hipotireoidismo, ovários policísticos e outras;
- Puberdade, gravidez, menopausa e andropausa.
- Medicamentos - Antihistamínicos, anticoncepcionais e antidepressivos.
- Emocionais - Ansiedade e depressão provocam compulsão.
- Hábitos - "Beliscar" a todo o momento, lanches fora de hora, frituras e doces em excesso;
- Vida sedentária e estressante;
- Alimentação diária em "fast foods", e a falta de alimentos saudáveis.
A Obesidade no Mundo:
A obesidade é um dos maiores problemas de saúde deste novo milênio, acometendo quase um terço da população mundial. Infelizmente não existe milagre, nem mágica, que promova a perda de peso sem a colaboração e a motivação do indivíduo; os sacrifícios, portanto precisam ser conhecidos.
Somente na América Latina, é provável que 200.000 pessoas morram anualmente em decorrência das complicações da obesidade. No Brasil, o problema vem tomando proporções cada vez maiores. Dados mais recentes mostram que ele já ocupa o sexto lugar no ranking dos países com maior número de obesos, atrás apenas dos Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Itália e França.
Opções de tratamento cirúrgico mais utilizadas:
Cirurgia Bariátrica - By-Pass Gástrico - Balão Intragástrico
Cirurgia Disabsortiva (Scopinaro) - Banda Gástrica
Existem várias alternativas terapêuticas que, combinadas, conseguem boas perdas de peso como as dietas de baixas e muito baixas calorias, a psicoterapia, a terapia comportamental, o exercício físico, e algumas drogas como a sibutramina (Plenty®, Reductil®) e o orlistat (Xenical®) que incrementaram o arsenal terapêutico da obesidade. Porém, quando se trata de obesidade mórbida, essas medidas, na maioria das vezes, são fugazes e ineficientes. Isto porque a imensa maioria dos pacientes não consegue promover uma mudança nos seus hábitos alimentares e na prática de atividade
física de forma definitiva.
Além disso, existem alterações nos mecanismos que controlam a distribuição da gordura e o gasto energético, fazendo com que haja uma grande tendência à recuperação do peso perdido, superando inclusive o peso inicial e se tornando ainda mais obeso, fenômeno popularmente conhecido como "efeito sanfona". Os pacientes com obesidade mórbida devem, portanto, ser encarados como portadores de uma doença séria, que ameaça a vida, reduz a qualidade de vida e a auto-estima, e que requerem medidas eficientes para promover a perda de peso de forma definitiva.
A cirurgia bariátrica (nome utilizado para se definir a cirurgia para obesidade mórbida) é o único método cientificamente comprovado que promove uma acentuada e duradoura perda de peso, reduzindo as taxas de mortalidade e resolvendo, ou pelo menos minimizando, uma série de doenças associadas à obesidade grave.
Como é a Cirurgia para Obesidade:
A cirurgia bariátrica deve, em primeiro lugar, ser bem diferenciada de algumas técnicas da cirurgia plástica. Não estão incluídas nesta especialidade procedimentos estéticos como lipoaspiração, lipo-redução, dermolipectomia, e outros do gênero. O princípio da cirurgia bariátrica consiste em induzir a perda de peso por meios cirúrgicos, e ao longo de mais de 50 anos de existência, este tipo de cirurgia transformou-se numa sub-especialidade da cirurgia geral, acumulando dezenas de técnicas diferentes para tratar o problema do grande obeso. De um modo geral, a perda de peso pode ser obtida por dois caminhos: pela redução da capacidade de armazenamento do estômago e de sua velocidade de esvaziamento (cirurgias restritivas), ou pela exclusão de grandes segmentos de intestino delgado evitando que os nutrientes sejam absorvidos (cirurgias disabsortivas). A Banda Gástrica é um exemplo de cirurgia puramente restritiva, onde se diminui o tamanho do reservatório de alimento. Nas técnicas disabsortivas promove-se um encurtamento do intestino delgado, reduzindo o tempo de contato dos nutrientes com as células intestinais dificultando sua absorção, e a Derivação Bilio-Pancreática de Scopinaro é a principal representante deste grupo. Existe ainda um grupo chamado de cirurgia mista, que combina os dois princípios básicos (diminui a capacidade de armazenar e absorver os alimentos), é o "Bypass gástrico" ou Cirurgia de Fobi-Capella.
Infelizmente não existe a cirurgia absolutamente perfeita que se encaixe em todos os casos; cada técnica possui vantagens e desvantagens que devem ser analisadas em cada paciente, de acordo com suas expectativas e prioridades, observando-se suas características pessoais como idade, sexo, raça, grau de obesidade, hábitos alimentares, nível sócio-cultural e perfil psicológico comportamental.
Durante a avaliação médica, o cirurgião e o paciente decidirão juntos qual a melhor alternativa.